Queda livre


Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
Carlos Drummond de Andrade

E chegas abrasado na loucura,
As mãos apunhalando meus cabelos,
Faminto vens, a língua me procura,
Queimando pela nuca aos tornozelos.

E nessa chama a pele mais acura,
Meus pelos abraçados com teus pelos,
Calor que se propaga in natura,
Vibrando na paixão dos meus apelos.

Os corpos se contorcem numa trama,
As almas se entrelaçam num atrito,
Ardendo plenas na etérea chama,

Que vaza num espasmo oco, infinito.
Em queda livre, leves sobre a cama,
Vertendo nas paredes um só grito.

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