Sensorial


E tanto penso em ti, ó meu ausente amado!
que te sinto no Vento e a ele, feliz, me exponho.
[...]
E não podes saber do meu gozo violento,
quando me fico assim, neste ermo, toda nua,
completa-te exposta à Volúpia do Vento!
Gilka Machado

Aspira, querido, o som desse gemido...
Renhido, esculpido nos ecos do vento,
É meu corpo febril, castanho, atrevido,
Fluído, mexido em frugal movimento.


Apalpa, querido, esse olhar fescenino,
Felino, ladino qu’em ti, eu sustento,
Instinto voraz, carnal, feminino...
Ferino, latino com que me alimento


Saboreia, querido, esse cheiro vertido,
Fruído, despido em meu pensamento.
Em sonhos e delírios volvido,
Aturdido, expandido em ritmo lento.


Mira, querido, esse tato menino
Libertino, franzino tão em contento!
Deslizando sobre meu figurino,
Nesse andor e ardor e fervor violento!


Ouça, querido, esse pranto em libido
Parido, provido d’meu sentimento,
Em meus flancos em amor convertido,
Incontido, vencido em teu acalento!

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